A recente intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China tem provocado significativas mudanças no cenário econômico global. Com a imposição de tarifas inéditas por parte dos EUA e as retaliações imediatas da China, o mercado internacional enfrenta desafios e oportunidades que merecem atenção especial. Na BM3 Trading, acompanhamos de perto esses desdobramentos para oferecer uma análise clara e conectada com as oportunidades que podem surgir para o Brasil.
Um novo capítulo na disputa entre potências
Nos últimos meses, os Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, aumentaram significativamente as tarifas sobre produtos chineses, com alíquotas que chegaram a até 145%. Em resposta, a China elevou suas tarifas sobre produtos americanos para até 125%, aplicando a lei da reciprocidade. Essas medidas têm provocado incertezas nos mercados globais e afetado cadeias de suprimentos em diversos setores.
China mais preparada — e mais estratégica
Diferente do cenário de 2018, a China chega a 2025 com uma postura mais estruturada. O país reduziu sua dependência dos Estados Unidos, que hoje representam menos de 15% de suas exportações. Além disso, ampliou suas parcerias com países do Sudeste Asiático e fortaleceu sua capacidade de produção em nações como Vietnã e Camboja.
Internamente, o país vem modernizando suas cadeias produtivas, com uso intensivo de inteligência artificial, automação e manufatura avançada. A China também investiu na independência de recursos estratégicos, como terras raras e semicondutores, além de buscar soluções para desafios internos como o consumo doméstico e o endividamento de governos locais.
Essa preparação coloca o país em uma posição menos vulnerável e mais adaptável diante de um cenário de conflito comercial prolongado.
(Um parênteses rápido para ilustrar essa nova fase)
Na coluna do Manoj Kewalramani ele traz uma análise detalhada de como essa parceria tem se consolidado nos últimos anos. Extraímos um breve trecho “Este ano é celebrado o 75º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Vietnã e o ‘Ano China-Vietnã de Intercâmbios entre Povos’. A construção da comunidade China-Vietnã com um futuro compartilhado inaugurou uma nova oportunidade de desenvolvimento.”. O conteúdo na íntegra você pode ler aqui.
Um recuo estratégico dos EUA?
Apesar do tom rígido, os EUA surpreenderam o mercado ao anunciar discretamente a isenção de tarifas para uma lista de produtos tecnológicos importados da China — incluindo smartphones, semicondutores, painéis solares e outros componentes críticos. Essa medida, segundo analistas, sinaliza um recuo significativo, motivado pela pressão de grandes empresas e consumidores norte-americanos que temem o aumento de preços . Cerca de 25% das exportações chinesas para os EUA agora estão fora da alíquota de 145%.
A decisão indica o quão entrelaçadas as duas economias ainda são — e como rupturas bruscas podem gerar efeitos colaterais indesejados até para os próprios proponentes da tarifa.
Agro brasileiro em destaque: uma janela de oportunidade
A tensão entre China e Estados Unidos abriu espaço para uma oportunidade real e imediata: o fortalecimento do agronegócio brasileiro como fornecedor preferencial para o mercado chinês. Segundo a Forbes, a China prevê recorde de importação de soja no 2º trimestre de 2025, “a expectativa é que o país compre 31,3 milhões de toneladas entre abril e junho.
Leia mais em: https://forbes.com.br/forbesagro/2025/03/china-caminha-para-recorde-de-importacao-de-soja-no-2o-tri-de-2025/
Os números comprovam essa tendência, segundo o jornal britânico Financial Times (FT) na edição de domingo (13/4):
- As exportações de carne bovina brasileira para a China cresceram em um terço no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024.
- As vendas de aves subiram 19% no mesmo período.
- A soja brasileira também ganhou força, superando o produto americano em competitividade.
De acordo com a SLC Agrícola, o Brasil vive um momento privilegiado, com demanda crescente e valorização dos preços. Ao longo dos anos, a participação brasileira nas importações alimentícias da China saltou de 17,2% em 2016 para 25,2% em 2023 — enquanto os EUA recuaram de 20,7% para 13,5%.
Gargalos e perspectivas para o Brasil
Apesar do cenário favorável, o agronegócio brasileiro ainda convive com desafios estruturais, principalmente relacionados ao escoamento da produção. Segundo o Financial Times, gargalos logísticos como a limitação dos portos e a carência de investimentos em transporte e armazenagem continuam sendo pontos de atenção.
No entanto, esse contexto também abre espaço para novos investimentos em infraestrutura, com potencial de atrair capital estrangeiro e fortalecer ainda mais a presença do Brasil no comércio global. A expectativa em torno da ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia reforça essa perspectiva positiva.
Aurélio Pavinato, executivo da SLC Agrícola, ressaltou que o Brasil está bem posicionado para aproveitar esse momento: “Com a China de olho em diversificar os fornecedores e a Europa enxergando o Brasil como uma opção estável, vemos um crescimento da demanda estrangeira e um aumento significativo de preços”, afirmou ao Financial Times.
Essa combinação de fatores — aumento da demanda externa, realinhamento geopolítico e busca por fornecedores confiáveis — oferece ao Brasil uma oportunidade estratégica para consolidar sua liderança no fornecimento global de alimentos.
O que esperar daqui para frente?
O cenário de tensão comercial entre Estados Unidos e China sinaliza uma reorganização profunda nas cadeias globais de suprimentos. Com grandes players buscando reduzir riscos e diversificar seus parceiros comerciais, abre-se uma janela de oportunidades para países com oferta estável, boa reputação internacional e capacidade produtiva — como o Brasil.
Nesse contexto, o papel do agronegócio e da indústria brasileira tende a se fortalecer, desde que acompanhados de investimentos em infraestrutura, inovação e logística. A demanda por soluções completas, sustentáveis e com origem confiável cresce a cada dia, e o Brasil tem o que é necessário para atender a esse novo perfil de mercado.
No entanto, esse reposicionamento exige mais do que produção: é preciso aprimorar os processos de planejamento tributário, investir em inteligência de mercado e garantir eficiência nas operações internacionais. Adaptação estratégica e visão global serão determinantes para que empresas brasileiras se destaquem nesse novo momento.
Na BM3 Trading, seguimos atentos a cada movimento do cenário internacional — conectando nossos parceiros às melhores soluções em comércio exterior, com segurança, estratégia e competitividade.